Transformações sustentáveis podem melhorar a realidade do manejo de água das cidades; exemplos pelo mundo podem servir de inspiração

Sarjeta, tubo e canalização de rio. Esse é o método de drenagem urbana instituído na grande maioria das cidades do Brasil – Santa Catarina inclusa. É o sistema chamado “higienista”, que consiste em levar a água da chuva para tubos e de lá para os rios, acelerando o escoamento.

A princípio, parece um plano correto. Mas os constantes alagamentos e inundações que se repetem ano após ano por todo o país demonstram que o sistema de gerenciamento da água da chuva não está acompanhando o crescimento dos centros urbanos.

“Não adianta fazer esse tipo de drenagem, porque ela não funciona. Além do desafio de universalizar esse serviço, temos o desafio de universalizar de forma correta”, ressalta a doutora em Recursos Hídricos e professora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Alexandra Finotti.

As melhores alternativas estão nas soluções baseadas na natureza. São os chamados sistemas de infraestrutura verde, como exemplifica a professora de arquitetura e urbanismo da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), Camila Cesário de Andrade.

“[Com isso] o manejo das águas pluviais ganha destaque, objetivando proteger os corpos  d’água urbanos, melhorar e garantir a qualidade das águas, controlar enchentes e embelezar a paisagem”, diz.

Florianópolis é reflexo da realidade nacional

Há um problema de drenagem da água pluvial no Brasil e Florianópolis reflete essa realidade. De acordo com o Diagnóstico Participativo da Drenagem Urbana de Florianópolis de 2019, foram identificados 440 problemas de drenagem na cidade, com maior concentração na Lagoa da Conceição, Itacorubi, Rio Tavares, Estreito, Morro das Pedras, Centro e Papaquara.

O problema registrado com maior frequência foi o de alagamentos (67%), seguido de inundações e obstrução.

“O  sistema de drenagem implantado aqui está muito associado com a impermeabilização da rua sem fazer os estudos adequados para onde essa água vai seguir”, explica Finotti.

Por que o modelo adotado no Brasil é problemático?

Fazer drenagem não é apenas passar um tubo para escoar a água da chuva. Essa técnica de tubulações, quando analisada, permite observar diversos defeitos.

“Se você acelera a água ela chega mais rápido num determinado lugar, esse lugar vai inundar”, aponta Finotti, ela afirma que o sistema além de não ser eficiente, custa caro e não resolve o problema.

A professora Camila Cesário de Andrade também critica o sistema convencional encontrado no país .

“Esse conceito não leva em consideração dois pontos: que o solo pode ter uma apreciável capacidade de absorção que pode e deve ser aproveitada; e que podemos criar dentro das cidades reservatórios a céu aberto”.

Com a tubulação, é comum nos depararmos com redes irregulares de esgoto sendo ligadas nas redes pluviais. Porém, o próprio sistema já conta com malefícios ao ambiente “Toda água de drenagem é poluída. Porque só dela estar no asfalto retém uma série de metais pesados”, destaca a professora Alexandra Finotti.

A redução da poluição é uma vantagem das estruturas sustentáveis principalmente para as cidades litorâneas que dependem da balneabilidade das praias.

Fonte de informação: Site ND+

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